Almada Negreiros
José Sobral de Almada Negreiros foi um artista multidisciplinar português que se dedicou fundamentalmente às artes plásticas e à escrita, ocupando uma posição central na primeira geração de modernistas portugueses.
1893-04-07 Cidade da Trindade, São Tomé e Príncipe
1970-06-15 Lisboa
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Alguns Poemas
Biografia
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Livros
Artista plástico e escritor português, natural de São Tomé e Príncipe, onde o pai era administrador do concelho da cidade. Estudou no colégio jesuíta de Campolide, para onde entrou em 1900, aos sete anos de idade, após a morte prematura da mãe, em 1896, e a partida definitiva do pai para Paris nesse mesmo ano. Aí realizou os jornais manuscritos República, Mundo e Pátria. Após o encerramento do colégio frequentou, entre 1910 e 1911, o liceu de Coimbra, de onde passou para a Escola Nacional de Belas-Artes, em Lisboa. Em 1915, integrado no grupo Orpheu, centrou a sua polémica ideológica numa crítica cerrada a uma geração e a um país que se deixava representar por uma figura como Júlio Dantas. Mostrando-se convicto de que «Portugal há-de abrir os olhos um dia», lançou, em 1917, um Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX, precavendo-as contra a «decadência nacional», em que a «indiferença absorveu o patriotismo».
Entre 1919 e 1920 retomou os estudos de pintura em Paris, onde criou a sua característica assinatura, com o «d» do seu nome a elevar-se, marcando a sua individualidade. De regresso a Lisboa, adquiriu uma serenidade bem expressa na sua afirmação de que «entre mim e a vida não há mal entendidos». Mas, em 1927, de novo desgostoso com a falta de abertura do país às novas correntes ideológicas e culturais, foi para Madrid. Aí, como já antes o fizera em Lisboa, a par da sua actividade nas artes plásticas, colaborou com a imprensa. Com o agravamento da crise económica e social espanhola, após a proclamação da República, Almada regressou a Lisboa, em Abril de 1932. À consciência nacional que Paris lhe trouxera acrescentou agora uma «consciência ibérica culturalmente definida por valores líricos de uma certa lusitaneidade». Em 1934, casou com a pintora Sara Afonso.
Almada Negreiros, conhecido como «Mestre Almada», colaborou nas revistas de vanguarda Orpheu (de que foi co-fundador), Contemporânea, Athena, Portugal Futurista e Sudoeste (que dirigiu). Participou em exposições de arte, nomeadamente na I Exposição dos Humoristas Portugueses (1911), a primeira do modernismo nacional. Como artista plástico, são de realçar os seus murais na gare marítima de Lisboa, os trabalhos para a Igreja de Nossa Senhora de Fátima (mosaico e pintura) e o célebre retrato de Fernando Pessoa. Pintor do advento do cubismo, a sua actividade artística estendeu-se ainda à tapeçaria, à decoração e ao bailado.
Como escritor, publicou peças de teatro (Antes de Começar, 1919; Pierrot e Arlequim, 1924; e Deseja-se Mulher, 1928); o romance Nome de Guerra (escrito em 1925, mas publicado apenas em 1938, é considerado um dos romances fundamentais do século XX português e o primeiro em que se manifesta já a arte modernista); os poemas Meninos de Olhos de Gigante (1921), A Cena do Ódio (escrito em 1915 durante a Revolução de Maio contra a ditadura de Pimenta de Castro e publicado apenas em 1923, consiste numa descrição violenta do Portugal da época, em que se exprime uma dialéctica de amor-ódio que seria a tónica dominante das relações do artista com a pátria), As Quatro Manhãs (1935) e Começar (1969); e uma série de textos de crítica e polémica, dispersos pelas publicações em que colaborava. De entre estes, destacam-se o Manifesto Anti-Dantas (1915), verdadeiro libelo de reacção ao ambiente cultural estagnado e academizante da época, o Manifesto (1916), o Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas (1917) e A Invenção do Dia Claro (1921), conferência sob a forma de poema. A sua obra representa uma síntese, única na sua geração, das tendências modernistas e futuristas de então, não apenas por, como artista, ser multifacetado, mas também pela sua capacidade de fusão e conjugação, nas letras e na pintura, das vertentes plástica, gráfica e poética. Em 1970 e 1988, foram publicadas duas edições de Obras Completas de Almada Negreiros, comemorando a última o centenário do autor.
Artista da novidade e da provocação, em demanda de «uma pátria portuguesa do século XX», atento à busca de uma unanimidade universal e profundamente marcado pela herança e o sentido da civilização europeia, foi uma das grandes figuras da cultura portuguesa do século XX. Artisticamente activo ao longo de toda a sua vida, o seu valor foi reconhecido por inúmeros prémios.
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