Juó Bananére

Juó Bananére

Juó Bananère era o pseudônimo usado pelo escritor, poeta e engenheiro brasileiro Alexandre Ribeiro Marcondes Machado para criar obras literárias num patois falado pela numerosíssima colônia italiana de São Paulo na primeira metade do século XX, que aportava na capital em busca de oportunidades de trabalho, tornado a cidade o maior centro de imigração italiana do país. Muitos deles não conseguiam seu objetivo, amargando subempregos e uma sofrível condição social. Mas, pelo menos, contavam com alguém na imprensa para representá-los, escrevendo nos seus dialetos de origem.

1892-04-11 Pindamonhangaba SP
1933-08-22 São Paulo SP
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Alguns Poemas

O prugressu di Zan Baolo - Tuttos lugaro tenia só

O prugressu di Zan Baolo – Tuttos lugaro tenia só

matta virginia(1) – També d'abax'o a ponte do

viadutto – Io co Garonello arubamus

galligna lá muitas veíz

Altros appuntamenti.

Lustrissimu Ridattore
du "Pirralho"


Io té visto molto prugressu inda a mia vita che io tegno, sessantré annos, ma come questo prugressu di Zan Baolo só indo o prospero distritto do Abax'o Pigues mi té(2) visto uguali.

S’immagine che a genti vá pigá un girio disposa du jantáro e quano xiga inda a rua da Gonçolaçó tenía lá un tirreno tutto xiigno co gapino. Intó a genti vai ali p’ra dianti invisitá uno amighe e quano giá vurtó, spia p'ro tirreno, ma che!! non té(3) maise tírreno(4) nisciuno, ma inveiz stá flizida lá una bunita casa maise bunita da casa do Capitó.

Eh! mamma mia! si non fosse os intaliano, che speranza! non tenia né una casa chique come quella che fiz agora o Garonello inzima a rua Martigno Francesco.

També si non fosse os intalianos non tenia né u larghe du Arrusá, né o Bó Retiro, né as cumpania di operette do Vitale(5) e né o Bertini(6) che també é u migliore ingraziato di tutto o mondo interinho.

També o "garadura" furo os intalianos che indiscobriro.

Eh! ma si pensa che Zan Baolo furo tutta vita come oggi? Stó moltos inganatus si signore!

Primiere, quano minho avó xigá qui inzima o Brasile só tenia a ladere do Abax'o Pigues, o larghe du Arrusá e u barro da Liberdá.

A Villa Buarca, a Barafunda, o Bó Retiro stavo tutto coperto c'oa mattavirgia. També a Luiz e també a Bixiga.

D'Abx’o a ponte do viadutto(7) era tutto gapino e tenia moltos passarigno che io iva tuttos dí di magná cidigno matá co stilingo. També tenia lá a casa du Bargionase dove io co Garonello che in quello tempio era piqueno come o Alengaro, tuttos dí ia cum elli arrubá galligna.

Disposa io co Garonello ia vedê s'inforcá us negro ingoppa a pracia a Republiga che u Garonello tenia molta paura, perché una veiz una molhere veglia che si diceva feticera falló p'ra elli che també elli tenia da murrê inforcado.

Povero Garonello! xuró piore du leitó assado.

(Palpito p'ra manhá: porco).

També u Morse in quello tempio giá tenia inventadu u teligrame senza fili.

Oggi inveiz nó, pur causa che faiz u palpito do bixo inzima u giurná do Gartola.

Evviva u Gartola!

Evvivôôô.....

Con tutto o a stima dua cumideraçó, il suo griato

Rigumendaçós p'rá famiglia


Publicada no jornal O Pirralho, 20 abr. 1912, p. 13.

BANANÉRE, Juó. Crônicas avulsas, 1911/1917. O pirralho. São Paulo, 24 fev. 1912. Apud ANTUNES, Benedito. As cartas d’Abaixo Piques de Juó Bananére. Assis, 1996. P. 83-85. Tese de Doutorado. UNESP.

NOTAS:
(1) Pronúnc.: virgínia. (2) P. te. (3) P. nouté. (4) P. Tirreno, nisciuno. (5) Ettore Vitale, diretor da Companhia Italiana Ettore Vitale, de óperas bufas e operetas (MENEZES, 1969, p. 18). (6) Diretor da companhia de teatro que levava o seu nome. (7) Viaduto do Chá.

O Studenti du Bó Retiro

POISIA PATRIOTICA

(Premiata c'oa medaglia de pratina na insposiçó da
Xéca-Slovaca i c'oa medaglia di brigliantina na
sposiçó internazionale da Varzea du Carmo).


Antigamanti a scuola era rizogna e franga;
Du veglio professore a brutta barba branga,
Apparecia um cavagnac da relia,
Che pugna rispetto inzima a saparia.
O maestro éra um veglio bunitigno,
I a scuóla era nu Bellezigno,
Di tarde inveiz, quano cabava a scuola,
Marcáno o passo i abaténo a sola,
Tutto pissoalo iva saino in ligna,
Uguali come un bando di pombigna.
Ma assí chi a genti pigliava o portó,
Incominciava a insgugliambaçó;
Tuttos pissoalo intó adisparava,
I iva mexeno c'oa genti chi passava.
* * *

Oggi inveiz stá tutto mudado!
O maestro é um uómo indisgraziado,
Che o pissoalo stá molto chétamente
E illo giá quére dá na gente.
Inveiz u ndí intrô na scuóla un rapazigno
Co typio uguali d'un intalianigno,
O perfilo inergico i o visagio bello.

Come a virgia du pittore Rafaello.
Stava vistido di lutto acarregado.
Du páio chi murreu inforgado.
O maestro xamô elli un dia,
I priguntô: — Vuce sabe giograffia?
— Come nó!? Se molto bê si signore.
— Intó mi diga — aparlô o professore, —
Quale é o maiore distritto di Zan Baolo?
— O maiore distritto di Zan Baolo,
O maise bello e ch'io maise dimiro
É o Bó Ritiro.
O maestro furioso di indignaçó,
Batte con nergia u pé nu chó,
I gritta tutto virmeligno:
— O migliore distritto é o Billezigno.
Ma u aguia du piqueno inviez,
C'oa brutta carma disse otraveis:
— O distritto che io maise dimiro,
É o Bó Retiro!
O maestro, virmeglio di indignacó
Alivantô da mesa come un furacó,
I pigano um mappa du Braiz
Disse: Mostre o Bó Retiro aqui se fô capaiz!
Aóra o piqueno tambê si alevantô
I baténo a mon inzima o goraçó,
Disse: — O BO' RITIRO STÁ AQUI!

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In: BANANÉRE, Juó. La divina increnca. 2.ed. Pref. Mário Leite. São Paulo: Folco Masucci, 1966

NOTA: Publicado em O Pirralho, São Paulo, n.123, 27 dez. 191
Juó Bananére (Pindamonhangaba SP 1892 - São Paulo SP 1933), pseudônimo de Alexandre Ribeiro Marcondes Machado, fez o curso de Engenharia Civil na Escola Politécnica de São Paulo, entre 1913 e 1917. Aliou à carreira de engenheiro civil a colaboração em periódicos, para os quais escreveu crônicas e poemas em linguagem macarrônica, misturando italiano e português. Em 1911, criou As Cartas d'Abax'O Piques, seção de crônicas em que imitava a fala dos imigrantes italianos do bairro da Bela Vista, popularmente chamado Bixiga, na revista paulista O Pirralho, dirigida por Oswald de Andrade. Terminou demitido da revista em 1915, devido à sátira que escreveu a discurso de Olavo Bilac na Faculdade de Direito; tornou-se então redator da página Sempr'Avanti!! da revista quinzenal O Queixoso. Em 1917 voltou a trabalhar em O Piralho, escrevendo a página O Féxa. Foi criador e redator de O Diário de Abax'o Piques, periódico semanal, em 1933. A poesia de Juó Bananere costuma ser relacionada à primeira geração do Modernismo, mas ele criou poemas em uma língua própria, o 'paulistaliano', segundo Monteiro Lobato, com a qual satirizou acontecimentos políticos e sociais do começo do século XX.
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São Paulo de Juó Bananére
O Corvo de Juo Bananere
Juó Bananere - NON FUI ISTA A INREVOLUÇÓ QUE IO SUGNÉ - Juó Bananere - gravação de 1931
Non fui ista a inrevoluço qui io sugne Juó Bananere
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Juó Bananere - U CAVAGNAC - Alexandre Ribeiro Marcondes Machado - gravação de 1931
U indiscobrimento do Brasil - Juó Bananere
O lobo i u gorderinho - Juó Bananere
U cavagnac - Juó Bananere
UviStrellaeu - Juó Bananere paródia do Soneto Via Láctea - Olavo Bilac
jara amar chanla notune acho😊 tara amar poribara jogdan hoiy juo 😇🙏🙏🙏
Sagar Se akho ma ma dub na juo #trending #shortvideos #viralvideo #reels #subscribe
U Indiscubrimentu du Brasile
Mão pra cima *-* JUO
ENCONTRAMOS O CEDRIC GROLET BRASILEIRO 😱 - L'a Juo
JUO W.Aman Mercy konayak msg for janta curfew..of 1 G NCC
amar e poco ❣️te amo isso sim jimin e juo kook
Juó Bananére
ertugrul ghazi attitude mere janguo se bhidne ki koshish na kare
aban juo you 2 d/(ivas pela song shooting
Hdhuxhzu8ekrd baixar Versosu
Jan bacakak juo,angkek se lah!!
juo light
pela pare narkrm may juo
,##juo dar day aapni na day
Ep1 “Eu sou a Juo da L’a Juo”
Ep 2 - Eu sou a Juo, da L’a Juo
só b juo
OBLÒ 3 | Juó Bananère
juo revolucoes.mov
Homens que bebem *-* JUO
juo memoria.mov
Inrevoluçó
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Palestra São Paulo de Juó Bananére
São Paulo de Juó Bananére.m4v
Juó Bananére - Trecho de "Non Fui Ista A Inrevoluçó Que Io Sugné"
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