Transborda

E do nada tudo transborda
enche, abala, estoura
se rasga com pressa sem brecha pra nada
e corta, sangra feito navalha
E se cala
Desnuda resvala, em tudo que existia
e lento se apaga na mais pura desistência da alegria

E fundo se acasala
embrião da agonia se instala
em braços de tristeza e melancolia
Olhos que não enxergam mais nada

O só, é o que agora se tem
não há lua nem sol no seu dia
apenas a cama cansada que se afunda
esfria num canto vazia

salvador.ba | 2019

https://rinaldosanto.blogspot.com/
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