felixa

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Se ser poeta ainda tem definição, e é padrão, despenso. E enquanto não descubro, escrevo para algo ou alguém que marcou algum momento em minha vida

2001-11-23
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Preto

Quando você pensa pobre
Pensa preto
Imagina favela
Imagina crime
Sente medo.
Lembra do gari da rua
Da empregada da sua casa
Das crianças de escola pública
Dos lugares onde você nunca imagina seu filho
E é justamente lá onde ele está, porque quer
Porque é privilegiado da cabeça aos pés
Porque é branco, sim.
É condomínio fechado
É a melhor escola da cidade
É o cursinho de inglês
É o carro que busca na porta todos os dias.
Que o menino preto de rua limpa enquanto o sinal está fechado
É o vidro que você fecha com medo de ser assaltado por mais um preto favelado
E quando chega em casa
Tem o almoço feito pela preta que não merece mais que um salário mínimo
Limpando, lavando, secando, campinando
Ao total, mais de oito horas de trabalho por dia.
E ainda mais quatro horas nos finais de semana para limpar a própria casa
O preto que sustenta seu ego
É o preto sempre o marginalizado.
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