Paulo Jorge

Paulo Jorge

A poesia fatalista e decadentista é um exemplo sublime da exaltação da morte em todo o seu esplendor, e desde sempre eu retiro satisfação pessoal deste saborear tétrico da vida.

1970-07-17 Lisboa
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Contraditório




A humildade dum Poeta,
A arrogância dum tolo.

Uma paisagem natural,
Um subúrbio engavetado.

Um belo corpo nu,
Um doente acabado.

Um dia primaveril,
Outro de estio doentio.

A elegância sensual,
O mau-gosto vulgar.

A cultura eloquente,
A ignorância latente.

A leveza do ser,
O pesar da alma.

Gente feliz,
Outra maltratada.

Silêncio dourado,
Retórica presidiária.

Linhas direitas,
Caos existencial.

Jardins suspensos,
Muros de pedra.

Canções de embalar,
Beijos de traição.

Amor desprotegido,
Liberdade condicional.

O lugar perdido,
Sorte avarenta.

Alma a divagar,
Corpo subserviente.

Contemplação,
Linha de montagem.

Verdade,
Encenação.

Dia febril,
Noite calma.

A tua vida,
A minha morte.

Lx, 25-11-2006
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