Isabel Pires

Isabel Pires

Amar o abismo da descoberta. Sem cair.

1964-01-30 Lisboa
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Intermezzo

Habituei-me a aprender muito contigo, com os teus intervalos de palavras.
Disciplinei-me para compreender os teus silêncios confortáveis, que me fazem entender o quanto os meus silêncios são precisos e preciosos para balizar o meu caos de perturbações. Também de inquietações.
A música é o que de mais aproximado me ocorre, pela combinação de sons e silêncios, organizados em sequências harmoniosas de tempo.
Aqui também é assim: se não me provocasses a interrupção do ruído das letras, o intervalo do barulho de umas letras a chocar contra as outras, eu não descobria tão bem as palavras que ergues com outros sentidos e por isso pertencem a outra ordem gráfica. Por um qualquer efeito de potencial osmótico, mas que eu sei encontrar-se numa dimensão mágica, acirras-me a vontade.
E eu volto, volto sempre.
A cumprir o desejo.
A erguer-me gente, a construir-te em história e a fingir que sei contá-la.

Pelos teus silêncios
também me levas e ganhas
e comoves.

Deslizou suavemente nas águas calmas, indiferente ao rasto que deixava, ele sabia que era a estrela daquela passerelle onde o silêncio se ouvia e sem aplausos continuou tranquilamente, como se o mundo lhe pertencesse por inteiro. | Manu Pereira, in Existe um Olhar
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