FERIDA ABERTA
Não te bastara tanto amor que a ti devotei?!
Contrariando o mundo aos teus pés me joguei
na vertigem de querer-te, n'ânsia de tanto te amar.
Por um instante, refestelou-se-me a alma,
encrudesceu-me na fronte a estonteante febre.
E entre delírios e delíquios do amor, langues e breves,
passei pela vida como um louco a sonhar.
Equivoquei-me ao dedicar-te tanto afeto!
Profligaste um amor de que eu estava certo
só por prazer de ferir-me ou, quem sabe, me matar.
E hoje, à revelia do teu vil desafeto,
no meu peito ficou, para sempre, uma ferida aberta
que se não expunge e nem para de sangrar.
DA OBRA MEUS PRIMEIROS CANTOS, ENCANTOS E DESENCANTOS, DE PEDRO PAIVA
DA OBRA MEUS PRIMEIROS CANTOS, ENCANTOS E DESENCANTOS, DE PEDRO PAIVA
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