Enquanto a tarde

cai...

Ao meu lado,
na placidez da tarde que finda
Num quarto qualquer , de uma qualquer cidade
Dormes, serenamente, esquecida de tudo
(quiça de mim também)....

Fico atenta aos resquícios de claridade
Que não me deixam cair nesse torpor
Que desce até ti, decifro os ruídos
Que invadem o quarto, onde me sinto estrangeira

Não durmo, mergulho nos sinais
Que chegam do lado de fora ...
Neles procuro as coisas pequenas
Que afastam de mim os fantasmas
Que invadem a vigília

Prefiro a vida, os minúsculos
Sinais da vida, a qualquer não
no teu silencio, nas minhas omissões...
salvar a vida nesse gesto inoportuno
de rir até da tristeza que escorre das ausências.

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