Álvaro Moreyra
Álvaro Moreyra foi um poeta, cronista e jornalista brasileiro. Modificou voluntariamente o longo nome de família para Álvaro Moreyra, com y, para que esta letra "representasse as supressões" destes nomes.
1888-11-23 Porto Alegre RS
1964-09-12 Rio de Janeiro, Brasil
21872
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9
Do Outono e do Silêncio
Ah como eu sinto o outono
nestes crepúsculos dispersos,
de solidão e de abandono!
nessas nuvens longínquas, agoureiras,
que têm a cor que um dia houve em meus
versos
e nas tuas olheiras...
Tomba uma sombra roxa sobre a terra.
A mesma nuança em torno tudo encerra
nuns tons fanados de ametista.
Caem violetas...
Paisagem velha e nunca vista...
Paisagem próxima e tão distante...
A luz foge, esfacelando
em silhuetas
os troncos da alameda agonizante.
O outono é uma elegia
que as folhas plangem, pelo vento, em
bando...
E o outono me amargura e anestesia
com o silêncio...
Silêncio
das ressonâncias
esquecidas
que o fim do dia deixa sempre no ar...
Silêncio
irmão das covas, das ermidas,
incenso das distâncias,
onde a memória fica a ouvir perdidas
palavras que morreram sem falar...
Publicado no livro Legenda da luz e da vida (1911).
In: MOREYRA, Álvaro. Lenda das rosas. São Paulo: Ed. Nacional, 1928. p.37-38. (Os Mais belos poemas de amor
nestes crepúsculos dispersos,
de solidão e de abandono!
nessas nuvens longínquas, agoureiras,
que têm a cor que um dia houve em meus
versos
e nas tuas olheiras...
Tomba uma sombra roxa sobre a terra.
A mesma nuança em torno tudo encerra
nuns tons fanados de ametista.
Caem violetas...
Paisagem velha e nunca vista...
Paisagem próxima e tão distante...
A luz foge, esfacelando
em silhuetas
os troncos da alameda agonizante.
O outono é uma elegia
que as folhas plangem, pelo vento, em
bando...
E o outono me amargura e anestesia
com o silêncio...
Silêncio
das ressonâncias
esquecidas
que o fim do dia deixa sempre no ar...
Silêncio
irmão das covas, das ermidas,
incenso das distâncias,
onde a memória fica a ouvir perdidas
palavras que morreram sem falar...
Publicado no livro Legenda da luz e da vida (1911).
In: MOREYRA, Álvaro. Lenda das rosas. São Paulo: Ed. Nacional, 1928. p.37-38. (Os Mais belos poemas de amor
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