Fernando Pessoa
Fernando António Nogueira Pessoa, mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta, filósofo e escritor português. Fernando Pessoa é o mais universal poeta português.
1888-06-13 Lisboa, Portugal
1935-11-30 Lisboa
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Não porque os deuses findaram, alva Lídia, choro…
Não porque os deuses findaram, alva Lídia, choro...
Mas porque nas bocas de hoje os nomes sobrevivem
Mortos apenas, como nomes em pedras sepulcrais.
Por isso, Lídia, lamento
Que Vénus em bocas cristãs seja uma palavra dita,
Que Apolo seja um nome que usam quantos
Sequentes de Cristo — e a crença lúcida
Nos deuses puramente deuses,
Tenha passado e ficado, cinza do que era fogo,
Lama do que era água reflectindo as árvores,
Tronco morto do que dava fruto e florescia.
Mas se choro, não creio
Menos que ainda existo, como existem os deuses.
Mas porque nas bocas de hoje os nomes sobrevivem
Mortos apenas, como nomes em pedras sepulcrais.
Por isso, Lídia, lamento
Que Vénus em bocas cristãs seja uma palavra dita,
Que Apolo seja um nome que usam quantos
Sequentes de Cristo — e a crença lúcida
Nos deuses puramente deuses,
Tenha passado e ficado, cinza do que era fogo,
Lama do que era água reflectindo as árvores,
Tronco morto do que dava fruto e florescia.
Mas se choro, não creio
Menos que ainda existo, como existem os deuses.
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