Manuel Bandeira
Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho foi um poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro.
1886-04-19 Recife, Pernambuco, Brasil
1968-10-13 Rio de Janeiro, Brasil
1884258
63
1774
Pierrot Branco
Atrás de minha fronte esquálida,
Que em insônias se mortifica,
Brilha uma como chama pálida
De pálida, pálida mica...
Não a acendeu a ardente febre,
Ai de mim, da consumpção hética
Que esgalga, até que um dia a quebre,
A minha carcaça caquética!
Nem a alumiou a fantasia
Por velar de rúbido pejo
Aquela agitação sombria
Que em pancadas de mau desejo
Tortura o coração aflito,
Sugere requintes de gozo,
Por concriar — sonho infinito —
O andrógino miraculoso!
A chama que em suave lampejo
A esquálida tez me ilumina,
Não a ateou febre nem desejo,
— Mas um beijo de Colombina
Que em insônias se mortifica,
Brilha uma como chama pálida
De pálida, pálida mica...
Não a acendeu a ardente febre,
Ai de mim, da consumpção hética
Que esgalga, até que um dia a quebre,
A minha carcaça caquética!
Nem a alumiou a fantasia
Por velar de rúbido pejo
Aquela agitação sombria
Que em pancadas de mau desejo
Tortura o coração aflito,
Sugere requintes de gozo,
Por concriar — sonho infinito —
O andrógino miraculoso!
A chama que em suave lampejo
A esquálida tez me ilumina,
Não a ateou febre nem desejo,
— Mas um beijo de Colombina
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