Filipa Leal
Poeta e jornalista cultural. Estudou jornalismo na University of Westminster e Literatura portuguesa e brasileira na Universidade do Porto.
1979-03-14 Porto
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A recusa do amor
Não temos uma arma apontada à cabeça,
dizias-me. Mas era impossível que não visses,
impossível. Eu ao teu lado com aquela dor
no pescoço, imóvel, cuidadosa, o cano frio
na minha testa, a vida a estoirar-me
a qualquer momento. Era impossível que não visses
o revólver que levava sempre comigo. Por isso dormia
virada para o outro lado, não era por me dar mais jeito
aquele lado, era por me dar mais jeito
não morrer quando nos víamos,
era para dormir contigo só mais esta vez,
sempre só mais esta vez,
sempre com o meu amor a virar-se de costas,
sempre com o teu amor apontado à cabeça.
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ademir domingos zanotelli
Bem me parece um revolver real... já que era frio de aço. boa tarde.... Ademir
23/junho/2024