António Gomes Leal
António Duarte Gomes Leal foi um poeta e crítico literário português.
1848-06-06 Lisboa
1921-01-29 Lisboa
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Poeta português, natural de Lisboa. Frequentou o Curso Superior de Letras, que não chegou a concluir, empregando-se depois como escrevente de um notário lisboeta.
Esteve ligado à literatura panfletária e folhetinesca da época. Foi co-fundador, em 1872, do jornal satírico O Espectro de Juvenal e, em 1881, de O Século. Entretanto, em 1875, publicou o seu primeiro livro de poemas — Claridades do Sul. Em 1881, a publicação de A Traição e O Herege provocou um escândalo político e literário que tornou o seu nome célebre, ao atacar a Coroa, a Igreja e a sociedade burguesa numa manifestação de incentivo à revolução social, apanágio de muitos escritores do período realista. Esta poesia de combate, que persistiu em Anticristo (1886), não impediu a manifestação simultânea de uma problemática religiosa e humana, que procurava a redenção das questões misteriosas da vida do homem, por exemplo, no ocultismo, ou, após a morte da mãe (1910), na sua conversão ao catolicismo. Esta morte veio também colocar-lhe sérios problemas económicos. Recolhido por caridade, vivendo em casa de várias pessoas que dele se apiedavam ou mesmo nos jardins públicos, criando uma imagem de loucura vagabunda, inofensiva, foi-lhe atribuída, por intervenção de um grupo de escritores, uma pensão do estado que lhe permitiu, a custo, sobreviver.
A obra de Gomes Leal resulta da confluência de uma série de tendências: a poesia combativa do realismo, o parnasianismo, o romantismo, o simbolismo e mesmo um certo satanismo, a que se associaram os episódios dramáticos da sua vida de boémio. Todos estes elementos contribuíram para uma poesia visionária, torrencial e desigual, que fez dele um dos poetas mais singulares da moderna literatura portuguesa.
Para além das obras referidas escreveu ainda A Fome de Camões (1880), A Mulher de Luto (publicada apenas em 1902), Mefistófeles em Lisboa (1907), História de Jesus (1883), Fim de Um Mundo (1900, compilação da sua poesia de intervenção), A Senhora da Melancolia (1910), e uma série de quadros satíricos da vida das grandes cidades.