Fernando Pessoa
Fernando António Nogueira Pessoa, mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta, filósofo e escritor português. Fernando Pessoa é o mais universal poeta português.
1888-06-13 Lisboa, Portugal
1935-11-30 Lisboa
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Cumpre a lei, seja vil ou vil tu sejas.
Cumpre a lei, seja vil ou vil tu sejas.
Pouco pode o homem contra a externa vida.
Deixa haver a injustiça.
Nada muda, que mudes.
Não tens mais reino que a doada mente.
Essa, em que és servo, grato o Fado e os Deuses,
Governa, até à fronteira,
Onde a vontade finge.
Aí vencido, tu por vencedores
Os grandes deuses e o Destino ostentas.
Não há a dupla derrota
De derrota e vileza.
Assim penso, e esta súbita justiça
Com que queremos moderar as cousas,
Expilo, como a um servo
Intromissor da mente.
Se nem de mim posso ser dono, como
Quero ser dono ou lei do que acontece
Onde me a mente e corpo
Não são mais do que parte?
Basta-me que me baste, e o resto gire
Na órbita prevista, em que até os deuses
Giram, sois centros servos
De um movimento externo.
Pouco pode o homem contra a externa vida.
Deixa haver a injustiça.
Nada muda, que mudes.
Não tens mais reino que a doada mente.
Essa, em que és servo, grato o Fado e os Deuses,
Governa, até à fronteira,
Onde a vontade finge.
Aí vencido, tu por vencedores
Os grandes deuses e o Destino ostentas.
Não há a dupla derrota
De derrota e vileza.
Assim penso, e esta súbita justiça
Com que queremos moderar as cousas,
Expilo, como a um servo
Intromissor da mente.
Se nem de mim posso ser dono, como
Quero ser dono ou lei do que acontece
Onde me a mente e corpo
Não são mais do que parte?
Basta-me que me baste, e o resto gire
Na órbita prevista, em que até os deuses
Giram, sois centros servos
De um movimento externo.
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