Fernando Pessoa
Fernando António Nogueira Pessoa, mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta, filósofo e escritor português. Fernando Pessoa é o mais universal poeta português.
1888-06-13 Lisboa, Portugal
1935-11-30 Lisboa
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Mas ah! se a morte, sem ser nada ou noite,
Mas ah! se a morte, sem ser nada ou noite,
Não explicasse nada, e eternamente
Vagabundos conscientes do erro eterno,
Nossas presenças pávidas girassem
Na eterna circunferência do mistério
Exuis do abstracto centro! Ah! Quem nos diz
Que aquele horror, que toda a vida fita
E não quer ver, nos não conduz a outra
Espécie de vida, sem ser esta salvo
Em não saber mais nada da verdade?
Quem diz que quando a vida cessa acaba
A ilusão, ou que a morte, libertando
Da limitada personalidade,
Em outra nos lança, sempre longe
Do ignoto ponto onde já nada é falso?
Ah! quão melhor não fora, como as aves
Ou animais dos montes e das selvas
Não conhecer de longe cousa alguma!
Porque mistério é que as estrelas fixas
Nos ergueram do chão, e a pé puseram,
Instável, o seguro animal certo
Na sua marcha olhando para o chão?
Passam os Deuses, e o próprio uno Deus
Não dura. As crenças como nuvens deixam
Os homens, e o mistério permanece.
Será porém melhor que encontrássemos
A verdade, ou que não a achemos nunca?
Quem caberá melhor ou a (...)
Ou à felicidade?
Canto das aves, som dos rios, som
Das árvores movendo-se na calma,
Quando distais do que eu mal sei que sou!
Qual é diferença entre nós que eu
(...)
Não explicasse nada, e eternamente
Vagabundos conscientes do erro eterno,
Nossas presenças pávidas girassem
Na eterna circunferência do mistério
Exuis do abstracto centro! Ah! Quem nos diz
Que aquele horror, que toda a vida fita
E não quer ver, nos não conduz a outra
Espécie de vida, sem ser esta salvo
Em não saber mais nada da verdade?
Quem diz que quando a vida cessa acaba
A ilusão, ou que a morte, libertando
Da limitada personalidade,
Em outra nos lança, sempre longe
Do ignoto ponto onde já nada é falso?
Ah! quão melhor não fora, como as aves
Ou animais dos montes e das selvas
Não conhecer de longe cousa alguma!
Porque mistério é que as estrelas fixas
Nos ergueram do chão, e a pé puseram,
Instável, o seguro animal certo
Na sua marcha olhando para o chão?
Passam os Deuses, e o próprio uno Deus
Não dura. As crenças como nuvens deixam
Os homens, e o mistério permanece.
Será porém melhor que encontrássemos
A verdade, ou que não a achemos nunca?
Quem caberá melhor ou a (...)
Ou à felicidade?
Canto das aves, som dos rios, som
Das árvores movendo-se na calma,
Quando distais do que eu mal sei que sou!
Qual é diferença entre nós que eu
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