Manuel Bandeira
Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho foi um poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro.
1886-04-19 Recife, Pernambuco, Brasil
1968-10-13 Rio de Janeiro, Brasil
1897813
64
1775
Retrato
O sorriso escasso,
O riso-sorriso,
À risada nunca.
(Como quem consigo
Traz o sentimento
Do madrasto mundo.)
Com os braços colados
Ao longo do corpo,
Vai pela cidade
Grande e cafajeste,
Com o mesmo ar esquivo
Que escolheu nascendo
Na esquiva Itabira.
Aprendeu com ela
Os olhos metálicos
Com que vê as coisas:
Sem ódio, sem ênfase,
Às vezes com náusea.
Ferro de Itabira,
Em cujos recessos
Um vedor, um dia,
Um vedor — o neto —
Descobriu infante
As fundas nascentes,
O veio, o remanso
Da escusa ternura.
O riso-sorriso,
À risada nunca.
(Como quem consigo
Traz o sentimento
Do madrasto mundo.)
Com os braços colados
Ao longo do corpo,
Vai pela cidade
Grande e cafajeste,
Com o mesmo ar esquivo
Que escolheu nascendo
Na esquiva Itabira.
Aprendeu com ela
Os olhos metálicos
Com que vê as coisas:
Sem ódio, sem ênfase,
Às vezes com náusea.
Ferro de Itabira,
Em cujos recessos
Um vedor, um dia,
Um vedor — o neto —
Descobriu infante
As fundas nascentes,
O veio, o remanso
Da escusa ternura.
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