Amanda Silva

Amanda Silva

"Seus ares de demônio depositam-se na face. Tão logo é o desastre: a profusão da tempestade e do pouco que se sabe ou se entende por mulher."

1990-07-22 Parnaíba, Piauí
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Sentença

Todos os dias lacero minhas feridas como quem provoca a morte
Abraço o jorro do sangue e me embriago com o cheiro do enxofre
Na contramão dos rebanhos faço do inferno meu refúgio
Gargalho com os dizeres grotescos de íntimos demônios
Danço ao som do escarcéu das vozes que rogam o perdão dos seus pecados
Almoço, janto e me farto com cada agrura de agonia que ali habita
Assim o veneno me integra e me faz entidade que perverte almas castas  
Fortalece as minhas veias e alimenta uma existência dissimulada
Temer tantos diabos e desgostos não me forjaria Ísis
Você leitor puro e de bom coração se sentir pena da minha condição  
Fique à vontade para rogar a Deus por minha alma
Mas não espere esforço ou benesse de minha parte
Sou sujeito que escolhe viver uma sentença avessa que existe pelo caos
Assim sigo resistindo ao fatigante e aparente cotidiano
Fingido de promessas de bem querer
Entre afagos, abraços, sorrisos e suspiros engodados
Suplicando a cada toque pequena grama do líquido mortífero da existência
Tenho comigo sempre uma boa dose a oferecer aos abatidos
Qual seu compromisso para essa noite?
Terei todo o prazer em servir a sua taça.
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