AurelioAquino

AurelioAquino

Deixo-me estar nos verbos que consinto, os que me inventam, os que sempre sinto.

1952-01-29 Parahyba
244365
12
31

Do coração e seus encargos

Há que se ter o coração
como bandeira
de tremular pelo mundo
a vida inteira
 
e transcrevê-lo em outros
tão adredemente
como se for a uma estrada
construída de repente
 
há que soltá-lo
pelas angústias
com a firmeza das horas
e a incerteza das culpas
 
há que tangê-lo
pelos arrabaldes
como uma nação inteira
que se cabe
 
há que exprimi-lo
na imensidão dos gestos
e cometê-lo impune
em cada verso
 
há que morrê-lo
frequentemente
com a certeza insone
dos viventes
 
há que merecê-lo
tão completamente
na proporção exata da vida
a que se consente
 
e há que dizê-lo
no dorso das palavras
nas passeatas e nas ruas
como um panfleto itinerante
de todas suas lutas.
84
0

Mais como isto



Quem Gosta

Quem Gosta

Seguidores