Diamantes, palavras e cascalhos
Que dia será, poeta
pergunta à beira do riacho,
lavadeira de tacho na cabaça,
muitas as roupas,
e pouco o sabão nas mãos.
Pergunta que me desata
às palavras desditas, o incerto nó
empregado, quando imprevista é a hora
e certeira a dúvida do vocábulo só.
Eu, que das palavras desejo ser
lavrador, temo a dó
e arada terra semear com deserta
flor - sob gorjeio de rouxinóis
- e que é saudade,
uma caduca, já murcha flor em botão.
Palavras requisitam quarar,
decifrar-lhe sentidos ocultos
de corações vagabundos
que o mundo guarda para si.
São pequenas palavras apenas,
entre as quais se esconde
mudo e grande sentimento
que a felicidade se pôs a extorquir.
Essa arte e pormenor, pensamentos
dispersos e cisma com os quais
canções se criam, bordadeiras
tecem confissões
compõe-se de instantes fúlgidos,
os quais, de manhã, vidraça de janela
embaçam
quando tudo é ainda sonho
fantasia idem
com outrora rua do Ouvidor,
que é a mesma e não mais existe.
De hiatos é feita a empreitada
cujo destino de mim se esqueceu,
qual pena indistinta imposta aos lábios
por beijos que não serão meus.
Segue trabalhadeira a sua rotina
e traz as águas dos rios ao ofício cotidiano.
E a resposta para sua pergunta calou-me, sabe;
e não se sabe por onde ou quantos anos.
pergunta à beira do riacho,
lavadeira de tacho na cabaça,
muitas as roupas,
e pouco o sabão nas mãos.
Pergunta que me desata
às palavras desditas, o incerto nó
empregado, quando imprevista é a hora
e certeira a dúvida do vocábulo só.
Eu, que das palavras desejo ser
lavrador, temo a dó
e arada terra semear com deserta
flor - sob gorjeio de rouxinóis
- e que é saudade,
uma caduca, já murcha flor em botão.
Palavras requisitam quarar,
decifrar-lhe sentidos ocultos
de corações vagabundos
que o mundo guarda para si.
São pequenas palavras apenas,
entre as quais se esconde
mudo e grande sentimento
que a felicidade se pôs a extorquir.
Essa arte e pormenor, pensamentos
dispersos e cisma com os quais
canções se criam, bordadeiras
tecem confissões
compõe-se de instantes fúlgidos,
os quais, de manhã, vidraça de janela
embaçam
quando tudo é ainda sonho
fantasia idem
com outrora rua do Ouvidor,
que é a mesma e não mais existe.
De hiatos é feita a empreitada
cujo destino de mim se esqueceu,
qual pena indistinta imposta aos lábios
por beijos que não serão meus.
Segue trabalhadeira a sua rotina
e traz as águas dos rios ao ofício cotidiano.
E a resposta para sua pergunta calou-me, sabe;
e não se sabe por onde ou quantos anos.
249
1
Mais como isto
Ver também
Escritas.org