nisinha

nisinha

1969-09-08 Noruega
5297
0
0

Dedicado a Florbela Espanca

Ainda leio, Bela,
As páginas só de dor preenchidas
As magoas ondeando entontecidas
Pelo teu Livro, em Saudade plantado.

Ainda me encontro debrucada
Sobre a Oracäo nobre e incompreendida
De uma nobre Alma abandonada
Aos atritos constantes desta vida.

Livro de magoas, que em mim guardo,
Irmã Saudade, minha Irmã,
Que, nas profundezas austeras de um cardo
Guardavas os sonhos de uma castelã.

Castelã de uma tristeza imensa
Que em vida viu espelhar-se
A Hora mais tardia e mais densa
Junto ao seu túmulo ajoelhar-se.

Desfolhando ínvias torturas
Do seu pobre Destino malogrado
Lancando o broquel às penúrias
De uma outra vida, de um outro Fado.

Ainda me chora a Alma, Bela,
Ao penetrar a essência do teu sentir
Imaterialidade perfeita na cela
Do teu interior a querer fluir.

Essa melancolia desnuda na noite
Acariciando teu sonho de nacár
Desfolhando roxas violetas - e dói-te
A saudade no teu peito a palpitar.

Ai, Bela! Lembro o meu cansaco
Quando busco o Impossível...e choro
Na disilusão desta forma de aco
Que é a vida, na qual páro...e demoro...

Que lagrimas tens chorado, que riso
De alucinada floresceu na tua Alma?
Que dor te abracou o peito e que juízo
Te ignorou na turbulencia da tua calma?

Em busca da Perfeicão: já o eras!
Alma perfeita, Una e intangível.
Oh, Bela! Será a Alma que porventura deras
É esta que eu trago, magnânime e indefinivel?



816
1


Quem Gosta

Quem Gosta

Seguidores