Não te digo que te amo


Ponho entre lábios essa vontade
serpenteio aromas de hortelã
a curva das nossas bocas.
Chovo em bagos rubros no nimbo
onde cabe o pensamento
que tal como um olhar
desagua
ansioso
pelo desejo.

Mostro-te como nos respiramos
afastando os dias mornos
enquanto percorro as ruas
que desembocam na clareira da nossa pele.
Biso em nós toda a chuva
tomo forma de ventos
voando pela malha das ruas que teci
sobre lençóis que amanhecem em vagas de espuma alva.

Vou dar voz às mãos
ouvir cada gesto
sob véus que dançam
formando nuvens róseas
onde o sol se deleita num céu
leito de deuses.

Quando voltarmos a amanhecer
nos nossos corpos adormecidos
sem nos darmos conta que o tempo acordou
conta-me o segredo de um beijo
desvenda-te num abraço
e repetir-te-ei
eternamente
num sussurro
que não vou dizer que te amo.
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