Sammis Reachers
Sammis Reachers nasceu em 09/05/1978 em Niterói – RJ. Licenciado e pós graduado em Geografia, é também poeta, escritor, antologista e editor.
1978-05-09 Niterói - RJ
5907
0
1
A fábula do asno e do texugo, ou a Fuga da Razão
Corria o ano de 451 depois de Cristo. Nas bordas de uma pequena floresta às margens de Milão, um asno e um texugo esbarraram-se, ambos em fuga da cidade, incendiada por Átila em sua fúria bestial.
Libertos do cativeiro pelos irmãos caos e chama, corriam por suas vidas tênues carregados de sentimentos entre suas penugens chamuscadas. Um deles trazia por bagagem extra um pequeno e tilintante alforge que, de passagem, furtara a um corpo humano justiçado pelos irmãos siameses.
Temeroso da repentina solidão e do silêncio da floresta, terror medievo, e vendo que seu companheiro de ocasião já imbicava por uma trilha da mata, o que portava o pequeno alforge feito da pele de um seu semelhante propôs ao outro:
– Venha comigo, companheiro! Vamos por este outro caminho, ele dará numa pequena cidadela.
O segundo animal hesitou por um momento, volvendo um olhar de terno espanto para aqueloutro trânsfuga.
– Posso lhe dar todo esse dinheiro – antecipou-se o primeiro, chacoalhando as moedas do bornal.
– Dinheiro? O que faz cativos os homens?
– Cativos?? É ele quem lhes compra a alforria! E lhes descerra a janela dos sonhos.
– Com ele poderei comprar sonhos?
– Comprar? Não; com ele você poderá realizar cada um deles.
– Mas realizar um sonho é como matá-lo.
– ???... Ora!!! Nunca ouvi tão grande insanidade! Que dizes, néscio?!!
– Digo que passaste tempo demais com humanos – arguiu a besta, antes de mergulhar no silêncio verdejante.
Libertos do cativeiro pelos irmãos caos e chama, corriam por suas vidas tênues carregados de sentimentos entre suas penugens chamuscadas. Um deles trazia por bagagem extra um pequeno e tilintante alforge que, de passagem, furtara a um corpo humano justiçado pelos irmãos siameses.
Temeroso da repentina solidão e do silêncio da floresta, terror medievo, e vendo que seu companheiro de ocasião já imbicava por uma trilha da mata, o que portava o pequeno alforge feito da pele de um seu semelhante propôs ao outro:
– Venha comigo, companheiro! Vamos por este outro caminho, ele dará numa pequena cidadela.
O segundo animal hesitou por um momento, volvendo um olhar de terno espanto para aqueloutro trânsfuga.
– Posso lhe dar todo esse dinheiro – antecipou-se o primeiro, chacoalhando as moedas do bornal.
– Dinheiro? O que faz cativos os homens?
– Cativos?? É ele quem lhes compra a alforria! E lhes descerra a janela dos sonhos.
– Com ele poderei comprar sonhos?
– Comprar? Não; com ele você poderá realizar cada um deles.
– Mas realizar um sonho é como matá-lo.
– ???... Ora!!! Nunca ouvi tão grande insanidade! Que dizes, néscio?!!
– Digo que passaste tempo demais com humanos – arguiu a besta, antes de mergulhar no silêncio verdejante.
138
0
Mais como isto
Ver também