Claudio de Jesus

Claudio de Jesus

1971-06-24 Novo Hamburgo
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O touro de Minos

 

Este mundo, um labirinto,

em que, desnudo, percorro

mil corredores, faminto

 

Essas grossas amplas veias

pulsam o sangue da nobreza 

inflamado por centelhas

de vaidade e de tristeza

 

Deixo pegadas de homem

sob o jugo de um instinto

e em cadência meus passos

ressoam sem som distinto

 

Bifurcam-se galerias

e espelham-se encruzilhadas

curvadas paredes frias

se giram entorno de um nada

 

Nos becos deste recinto

ouço o eco de sussurros

sei que há mais labirintos

por detrás dos altos muros

 

Persigo a linha da vida

que se enovela a um centro

onde a morte, uma saída,

retoma o fio do tormento

 

Todo o fogo que devoro

não renova o meu vigor

tanto mais devoro o fogo

mais flameja a minha dor

 

Passam sóis e passam luas, 

nuvens tornam o céu finito

sobre a pele nua e crua

pesa o pó de um gasto mito

 

Só o fim desta quimera

quiçá me salve da sina 

vencido por outra fera 

mais ardilosa e assassina

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