Paulo Jorge

Paulo Jorge

A poesia fatalista e decadentista é um exemplo sublime da exaltação da morte em todo o seu esplendor, e desde sempre eu retiro satisfação pessoal deste saborear tétrico da vida.

1970-07-17 Lisboa
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Prostração Ténue


Nem sempre quis ver o sol raiar,
Minha alma aflita desentronizada,
Decidiu com a pesada existência arcar,
Manter-se para sempre alheada.

Quando eu apenas queria amar,
Encontrei cumes de neves eternas,
Altas e distantes com quem sonhar,
Situam-se tão distantes e serenas.

Ansioso pelo prazer máximo desfrutar,
Neste pouquinho tempo que me resta,
Que tristeza vê-lo pelos dedos escapar,
Afinal o pouco que sobrou não presta.

Não sei como tudo isto aconteceu,
Estendi meus braços e bradei aos céus,
Nas minhas barbas o destino se teceu,
Quando de repente rasguei meus véus.

Porque não florir numa Primavera,
Como todas as flores sumptuosas,
Porque foste para mim tão severa,
Afogar-me em ideias perniciosas.

Minha alma não sabe por quem chamar,
Quando me apetece apenas gritar alto,
Já não consigo ouvir o vento a sussurrar,
Guiando meus passos neste último salto.

Lx, 8-10-1994
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