

John_Silva
Poeta amador, vocalista e guitarrista de uma banda de rock alternativo nas horas vagas.
Pertenço a você
A minha pena?
Prisão perpétua,
pois estou
para sempre preso
nesse amor,
para sempre
preso nesse
jeito de fazer amor.
É desconfortável a
situação, essa
impotência que
sinto,
vulnerável e
estático,
enquanto
você atravessa
o meu peito e
deixa exposta
a minha alma porque
de início nunca sei como
reagir aos disparos à queima
roupa que são os teus beijos.
É quase masoquismo
gostar das marcas
que sua boca deixa
em meu corpo,
das marcas que
suas unhas deixam
em minhas costas.
É quase escravidão
ser tão seu assim.
E esse seu olhar
que me diz o que
fazer,
eu sei exatamente
quando devo acelerar
ou diminuir.
É quase dependência
não ser capaz de
passar um dia sequer
sem sentir teu corpo
sobre mim,
sob mim
em frente a mim
ou qualquer outra posição
que venha a mente.
É quase insanidade
ser cativo desse sentimento,
desejar não ser liberto
me apaixonar pelas
grades da sua prisão,
doce prisão.
Essas paredes
que tremem
essa cama que já
cedeu tantas vezes
e que agora
já nem nos damos
o trabalho de ergue-la,
são testemunhas
da verdade irrefutável:
somos a catástrofe atômica;
somos a implosão do edifício;
somos o impacto do meteoro;
somos a destruição da avalanche.
É quase o fim do
mundo quando você
olha para mim.
É quase uma erupção
a sensação que você
causa quando
tua língua trilha
o caminho em minha
barriga.
Enquanto escrevo
sinto a abstinência escalar
a minha espinha como
um gato e já não posso
esperar para sentir
outra vez o gosto
da sua excitação.
E sempre que você
inicia um incêndio
em mim, eu tenho
vontade de me alastrar
até consumir e destruir
todos os móveis ao redor.
É quase obsessão
te pertencer assim.
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