Paulo Sérgio Rosseto

Paulo Sérgio Rosseto

Porto Seguro/BA. Poeta.

Livros Publicados: 21
Livros no Prelo: 04

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Instagram: @psrosseto

1960-04-11 Guaraçai - SP
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Alguns Poemas

AS MÃOS

As mãos dela passeavam suaves com o pente sobre nossa testa
As dele docemente derrubavam os cachos que se desprendiam no piso
As mãos dela banhavam nossa fronte com serena candura
As dele arremessavam nossas ideias muito avante do nosso tempo
As mãos dela desenhavam nosso dorso com seus santificados dedos
As dele corrigiam nossas paixões e avaliavam nossas vontades
As mãos dela apalpavam nossas pálpebras para que nos aquietássemos
As dele comprimiam nossos impulsos e retinham as ousadias
As mãos dela benziam nossa coragem rezando nossos momentos
As dele disciplinavam os gostos que tínhamos pelas fantasias
As mãos dela cozinhavam os pródigos alimentos que nos nutria
As dele escavavam oportunidades para que ganhássemos o que nos valesse
As mãos dela cosiam as vestes puras que nos vestiam
As dele teciam nossos rosários com as contas que merecêssemos
As mãos dela aplaudiam escondendo as travessuras
As dele descobriam nossos erros e corrigiam nossos travesseiros
As mãos dela ajustavam os desejos que nos arrebatavam
As dele afugentavam nossos momentos de fracassos
As mãos dela cobriam nosso peito afugentando a friagem
As dele acendiam a esperança e aqueciam a casa fria
As mãos dela cortavam nossas unhas arrancando as cutículas
As dele arranhavam nossa alma com amor próprio e cidadania
As mãos dela balançavam o berço a rede e nossa piedade
As dele sacudiam nossa preguiça e nos punham envaidecidos da verdade
As mãos dela quaravam nossas meias e calçavam nossos tênis
As dele nos ensinavam a escovar os sapatos e a não sentir as solas
As mãos dela se juntavam unidas em orações por nossos dias
As dele também assim faziam e nos acolhiam em longos abraços
Ambas nos ensinaram a ser família e nos recolhiam nos braços

QUALQUER DIA

Eu viajava nos bancos verdes ímpares, com o nariz colado aos vidros das janelas dos vagões marrons da classe dois da NOB. Via o capim deitar-se na curva íngreme da linha, com o vento das rodas de ferro zoando alto no entremeio da cancela. Eram madrugadas frias e tardes ensolaradas, viagens por onde os sonhos seguiam ou vinham nas bagagens arranjadas. Sempre aguardava por alguém chegando de longe. Sonhava com quem a me esperar na plataforma dos trens que partiam e arremessavam apressados. No compasso dos trilhos no aço o coração se debatia, embalado pelo ritmo da serpente da locomotiva, e na ansiedade a espera se esvanecia. Eram histórias que se entrelaçavam. Em cada estação um encontro imprevisto, onde destinos certamente se cruzariam. Na plataforma, olhares se encontravam em meio ao calor que escapava da máquina, e o tempo suspendia, os segundos paravam. Nos bancos verdes ímpares, eu me perdia nas paisagens que se desdobravam pelas janelas, e na magia que o caminho era capaz de trazer. Via campos vastos e cidades que dormiam, rios serpenteando entre o mato nas matas, e na viagem eu por inteiro corria. Às vezes o sol se punha o céu tingia, e a cantiga do apito ecoava como súplicas que a natureza da gente ouvia. No vai e vem dos trens histórias se escreviam. Eu era apenas um passageiro a contemplar a dança das estações, os destinos que seguiam. Na imensidão dos trilhos eu me encontrava viajando não apenas pelos cerrados, mas no tempo, nas lembranças onde a recordação me embalava. E hoje mesmo distante desse ensejo vivido guardo com carinho cada momento cada instante sentado nos bancos verdes ímpares que me conduziam. Em minhas memórias as viagens são eternas, e a poesia dos trens da NOB continuam a ecoar na alma de viajante que sempre será verdadeira. 

Um último trem virá me apanhar, qualquer dia.
Paulo Sérgio Rosseto nasceu em Guaraçai, SP, na manhã de 11 de Abril de 1960. Filho de Paulo e Celestina. Seus irmãos são Fátima Aparecida e Delermo de Jesus. Em 1966 seu primeiro poema (MEU CACHORRINHO) foi publicado no Jornal da Cidade (Folha de Guaraçai), destaque de um concurso de escritores mirins promovido pela escola local que frequentava.
      A familia Rosseto muda-se para Selvíria/MS em 1968 e em 1970 mudam-se para a Cidade de Três Lagoas, também no MS. Entre 1974 e 1981 estudou nos colégios internos Salesianos de Araçatuba/SP, Campo Grande/MS, São Carlos/SP e Alto Araguaia/MT. Ainda em 1981 retorna para Três Lagoas. Casou com Soraya em 1984, com a qual tem dois filhos (Thais e Yuri).
      Reside na Cidade de Porto Seguro/Bahia desde 1988.
      Em Três Lagoas estampava seus poemas no Jornal do Povo, tendo publicado em 1982 o Livro O SOL DA DOR DA TERRA; em 1984 O Livro MEMORINHA - POEMAS INFANTIS e em 1985 o Livro ATO DE POEMA E UMA CANÇÃO e 1986 AMOROSIDADE.

LIVROS RECENTES:

CRÔNICAS ABERTAS - Poemas - 2018
DOCES DOSES de POESIA - Aldravias - 2018
VERSOS de VIDRO e AREIA - 2019
POEMAS QUE VOCÊ FEZ PRA MIM - 2019
LÁ PELAS TANTAS DA VIDA - 2019
FAZENDA HAICAIS - 2020
ABELHINHA PEQUETELLA - 2020
POETA ENTRE COLUNAS - 2020
POEMAS QUE VOCÊ FEZ PRA MIM - Vol.2 - 2020
NAS ASAS DAS HORAS - 2020
BULBOS diVERSOS - 2021
SONETOS ESQUISITOS PARA NINAR MOSQUITOS - 2021
BORDEJAR - 2021
PLENO ESTADO DE POESIA - Poemas Reunidos Até Aqui - 2021

Membro da ALB - Academia de Letras do Brasil - Cadeira 18 - Seccional Porto Seguro/Ba.
Membro da ALSPV - Academia de Letras Sociedade dos Poetas Virtuais - Cadeira 38.
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rfurini
lindo!! forte, verdadeiro e muito esclarecedor! Amei
28/março/2020
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namastibet
muito bom , muito boa a sua poesia
15/maio/2019
Rodrigo Marques
quantas verdades com perfeição!
27/novembro/2017

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