Cerrado

Toma- me....
pela mão ou inteira
e despe-me de tudo
o que não seja vida

Leva-me a um lugar
onde em mim te sinta
e adormeça a ira
de ser no presente
um ser adiado

Leva-me
ao lugar onde a vida se escuta
no mais fundo silêncio,
onde as pedras são corpos
que ao nosso se ajustam
e onde um sussurro
- vindo, quem sabe de onde-
vive preso ao ar...

Lá, onde à raiz, profundas
as águas nos devolvem
me deitarei, um dia
pronta para a terra
me engolir inteira
e parir de novo

E assim renascida
a dentes eu rasgo
o umbilical fio
que me traz suspensa
entre a noite presente
e as manhãs de oiro
onde a vida a esmo
não me furta os sonhos.

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