Paulo Leminski
Paulo Leminski Filho foi um escritor, poeta, crítico literário, tradutor e professor brasileiro. Era, também, faixa-preta de judô.
1944-08-24 Curitiba, Paraná, Brasil
1989-06-07 Curitiba
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às vezes penso que as melhores inteligências
(...)
às vezes penso que as melhores inteligências como as nossas são
você riso caetano gil alice waly duda pedrinho sebastião
etc etc etc
etc etc
etc
não deviam se ocupar de arte/literatura/SIGNO
deviam partir para a militância
aplicar-se numa militância
A REVOLUÇÃO É SEMPRE NO PLANO PRAGMÁTICO DA MENSAGEM
o que interessa, o que a gente quer, no fundo, é MUDAR A VIDA
alterar as relações de propriedade a distribuição das riquezas
os equilíbrios de poder entre classe e classe nação e nação
este é o grande Poema: nossos poemas são índices dele
meramente
nossa poesia tem que estar a serviço de uma Utopia
ou como v. disse de uma ESPERANÇA
é isso que quero dizer quando falo
que o poeta para ser poeta tem que ser mais que poeta
é preciso deixar que a História chegue em você
dê choque em você
te chame te eleja te corteje
te envolva e te engaje
uma coisa pode ter certeza:
nascemos na classe errada
estou tomando o máximo de cuidado
para que tudo isso que estou dizendo
saia sem o menor resquício de stalinismo
sectarismo esquerdofrênico
and so on
mas não dá para jogar fora esse lance
nós que temos o know-how e o dont-know-how
temos que ter esse what
esse whatever it is
dont you think so?
chega de sutilezas críticas
com meia dúzia de slogans verdadeiros na cabeça
cerco a montanha
ponho cerco às fortificações
tomo a posição e a defendo
os patriarcas já teorizaram bastante por nós
foi seu martírio
estamos dentro de uma onda
uma grande vaga atlântica
me leva do pacífico
até as praias da Atlântida (a Terra Santa)
talvez não haja mais tempo
para grandes GESTOS INAUGURAIS
como a poesia concreta foi
a antropofagia foi
a tropicália foi
agora é tudo assim
ninguém sabe
as certezas se evaporam
que a estátua da liberdade
e a estátua do rigor
velem por todos nós
amor abraços
Leminski
Imagem - 00590007
In: LEMINSKI, Paulo. Uma carta e uma brasa através: cartas a Régis Bonvicino, 1976-1981. Seleção, introdução e notas de Régis Bonvicino. São Paulo: Iluminuras, 1992. p. 42-44
às vezes penso que as melhores inteligências como as nossas são
você riso caetano gil alice waly duda pedrinho sebastião
etc etc etc
etc etc
etc
não deviam se ocupar de arte/literatura/SIGNO
deviam partir para a militância
aplicar-se numa militância
A REVOLUÇÃO É SEMPRE NO PLANO PRAGMÁTICO DA MENSAGEM
o que interessa, o que a gente quer, no fundo, é MUDAR A VIDA
alterar as relações de propriedade a distribuição das riquezas
os equilíbrios de poder entre classe e classe nação e nação
este é o grande Poema: nossos poemas são índices dele
meramente
nossa poesia tem que estar a serviço de uma Utopia
ou como v. disse de uma ESPERANÇA
é isso que quero dizer quando falo
que o poeta para ser poeta tem que ser mais que poeta
é preciso deixar que a História chegue em você
dê choque em você
te chame te eleja te corteje
te envolva e te engaje
uma coisa pode ter certeza:
nascemos na classe errada
estou tomando o máximo de cuidado
para que tudo isso que estou dizendo
saia sem o menor resquício de stalinismo
sectarismo esquerdofrênico
and so on
mas não dá para jogar fora esse lance
nós que temos o know-how e o dont-know-how
temos que ter esse what
esse whatever it is
dont you think so?
chega de sutilezas críticas
com meia dúzia de slogans verdadeiros na cabeça
cerco a montanha
ponho cerco às fortificações
tomo a posição e a defendo
os patriarcas já teorizaram bastante por nós
foi seu martírio
estamos dentro de uma onda
uma grande vaga atlântica
me leva do pacífico
até as praias da Atlântida (a Terra Santa)
talvez não haja mais tempo
para grandes GESTOS INAUGURAIS
como a poesia concreta foi
a antropofagia foi
a tropicália foi
agora é tudo assim
ninguém sabe
as certezas se evaporam
que a estátua da liberdade
e a estátua do rigor
velem por todos nós
amor abraços
Leminski
Imagem - 00590007
In: LEMINSKI, Paulo. Uma carta e uma brasa através: cartas a Régis Bonvicino, 1976-1981. Seleção, introdução e notas de Régis Bonvicino. São Paulo: Iluminuras, 1992. p. 42-44
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