A Sombra
Estou atrasado, lá vou eu correndo
e a sombra atrás...
Pé-pra-que-te-quero, a língua de fora
e a sombra atrás...
Vou achar um pé-de-ventania
para escapar dessa mania
de fugir da sombra todo dia
e noite
como um bicho-papão...
Pé-de-anjo, pé-de-pato e pano,
pé-de-chinelo sem pé-de-meia,
perambulando,
pererecando
por aí...
Estou adiantado, lá vou eu pensando
e a sombra atrás...
Olho no relógio, está atrasado,
e a sombra atrás...
(...)
Mas tem uma coisa
a mais pra contar:
essa grande safada
que vive acordada
é o meu avesso!
Se tento pegá-la,
até mesmo no sonho,
me desconheço:
ela me fantasia.
Se tento guardá-la
no travesseiro
ela me dá um beijo:
— Já é meio-dia!
In: BARRETO, Antônio: Brincadeiras de anjo. Il. May Shuravel. São Paulo: FTD, 1987. p.10-13. (Falas poéticas
e a sombra atrás...
Pé-pra-que-te-quero, a língua de fora
e a sombra atrás...
Vou achar um pé-de-ventania
para escapar dessa mania
de fugir da sombra todo dia
e noite
como um bicho-papão...
Pé-de-anjo, pé-de-pato e pano,
pé-de-chinelo sem pé-de-meia,
perambulando,
pererecando
por aí...
Estou adiantado, lá vou eu pensando
e a sombra atrás...
Olho no relógio, está atrasado,
e a sombra atrás...
(...)
Mas tem uma coisa
a mais pra contar:
essa grande safada
que vive acordada
é o meu avesso!
Se tento pegá-la,
até mesmo no sonho,
me desconheço:
ela me fantasia.
Se tento guardá-la
no travesseiro
ela me dá um beijo:
— Já é meio-dia!
In: BARRETO, Antônio: Brincadeiras de anjo. Il. May Shuravel. São Paulo: FTD, 1987. p.10-13. (Falas poéticas
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