Bento Teixeira
Bento Teixeira foi um poeta luso-brasileiro.
De biografia nebulosa, alguns o consideram brasileiro, natural de Olinda. No entanto, outra corrente o considera português.
1561-01-01 Porto, Portugal
1618 Lisboa, Portugal
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Descrição do Recife de Pernambuco
Para a parte do Sul, onde a pequena
Ursa se vê de guardas rodeada,
Onde o Céu luminoso mais serena
Tem sua influição, e temperada;
Junto da Nova Lusitânia ordena
A natureza, mãe bem atentada,
Um porto tão quieto e tão seguro,
Que para as curvas Naus serve de muro.
É este porto tal, por estar posta
Uma cinta de pedra, inculta e viva,
Ao longo da soberba e larga costa,
Onde quebra Netuno a fúria esquiva.
Entre a praia e pedra descomposta,
O estanhado elemento se deriva
Com tanta mansidão, que uma fateixa
Basta ter à fatal Argos aneixa.
No meio desta obra alpestre e dura,
Uma boca rompeu o Mar inchado,
Que, na língua dos bárbaros escura,
Paranambuco de todos é chamado.
De Para'na, que é Mar; Puca, rotura,
Feita com fúria desse Mar salgado,
Que, sem no derivar cometer míngua,
Cova do Mar se chama em nossa língua.
(...)
In: TEIXEIRA, Bento. Prosopopéia. Introd. estabelecimento do texto e comentários Celso Cunha e Carlos Duval. Rio de Janeiro: INL, 1972. p.31-33. (Coleção de literatura brasileira, 6)
NOTA: A "Descrição..." é composta de 5 oitava
Ursa se vê de guardas rodeada,
Onde o Céu luminoso mais serena
Tem sua influição, e temperada;
Junto da Nova Lusitânia ordena
A natureza, mãe bem atentada,
Um porto tão quieto e tão seguro,
Que para as curvas Naus serve de muro.
É este porto tal, por estar posta
Uma cinta de pedra, inculta e viva,
Ao longo da soberba e larga costa,
Onde quebra Netuno a fúria esquiva.
Entre a praia e pedra descomposta,
O estanhado elemento se deriva
Com tanta mansidão, que uma fateixa
Basta ter à fatal Argos aneixa.
No meio desta obra alpestre e dura,
Uma boca rompeu o Mar inchado,
Que, na língua dos bárbaros escura,
Paranambuco de todos é chamado.
De Para'na, que é Mar; Puca, rotura,
Feita com fúria desse Mar salgado,
Que, sem no derivar cometer míngua,
Cova do Mar se chama em nossa língua.
(...)
In: TEIXEIRA, Bento. Prosopopéia. Introd. estabelecimento do texto e comentários Celso Cunha e Carlos Duval. Rio de Janeiro: INL, 1972. p.31-33. (Coleção de literatura brasileira, 6)
NOTA: A "Descrição..." é composta de 5 oitava
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