Murilo Mendes

Murilo Mendes

Murilo Monteiro Mendes foi um poeta e prosador brasileiro, expoente do surrealismo brasileiro.

1901-05-13 Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil
1975-08-13 Lisboa
53901
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O Fósforo

Acendendo um fósforo
acendo Prometeu, o futuro, a liquidação dos falsos deuses,
o trabalho do homem.

o

O fósforo: tão rabbioso quanto secreto. Furioso, deli-
cado. Encolhe-se no seu casulo marrom; mas quando cha-
mado e provocado, polêmico estoura, esclarecendo tudo.
O século é polêmico.

o

O gás não funciona hoje. Temos greve dos gasistas. A
Itália tornou-se a Grevelândia. Mas preferimos essa semi-
-anarquia à "ordem" fascista.
O fósforo, hoje em férias, espera paciente no seu casulo
o dia de amanhã desprovido de greves. O dia racional, o
dia do entendimento universal, o dia do mundo sem classes,
o dia de Prometeu totalizado.

o

O fósforo é o portador mais antigo da tradição viva. Eu
sou pela tradição viva, capaz de acompanhar a correnteza
da modernidade. Que riquezas poderosas extraio dela!
Subscrevo a grande palavra de Jaures: "De l'autel des
ancêtres on doit garder non les cendres mais le feu."


Poema integrante da série Setor Micro-Lições de Coisas.

In: MENDES, Murilo. Poliedro: Roma, 1965/66. Pref. Eliane Zagury. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1972
1787
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Surrealismo
Felipe
Este poema é uma dialética entre o Eu do escritor e o eu poético, ele usa uma metafora
27/maio/2011

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