Réquiem para Alfonso Dellelis
O sentido é simples. Querer dizer como era do teu olhar a
música, é dizer isso.
Na hora em que uns trabalhadores enterravam teu cadáver
era, tua, essa, a música que se ouvia.
Eles nos olhavam com olhar igual ao teu quando olhavas,
embora a quase todos isso passasse desapercebido.
No momento em que o caixão começou a descer, dentro da cova,
muitas pessoas choravam. Pensou-se até em um padre. Imagine!
De dentro do buraco, o coveiro, em um mirar ausente
de qualquer reverência - há um corpo a enterrar, eis tudo -
é que olha com expressão igual ao teu olhar quando
miravas.
Estavas era morto. Era isso que o teu olhar no dele nos
dizia.
E então, inexplicavelmente, pareceu que o instante
foi varado de luz, e que ali, afirmando apenas
que estavas morto e que isso era isso, enfim triunfavas.
Nota do Poema Réquiem para Alfonso Delellis
Líder (ou como ele dizia, "lide") sindical.Presidente do
Sindicato dos Metalúrgicos de S. Paulo, foi preso em
janeiro de 1964 distribuindo panfletos socialistas,
num quartel do exército. Por interferência direta
do Presidente João Goulart, foi solto em
fevereiro. Assim que saiu, procurou Luiz Carlos
Prestes, Presidente do Partido Comunista, ao qual
estava filiado, e lhe relatou o que vira, na prisão: Os
militares preparavam um golpe. E Prestes:"Isso é
impossível.O exército brasileiro é popular e
democrata". "Como? Por quê?",ele quis saber. "Eu sou
oficial do Exército Brasileiro.Eu sou popular e sou
democrata", declarou o Cavaleiro da Esperança.
Antes que findasse o mes de março, Dellelis embarcou em
um navio para ir exilar-se na URSS.
Voltou ao Brasil antes da anistia e começou tudo de
novo, clandestinamente. Sua existência foi toda
consumida nessa luta.
música, é dizer isso.
Na hora em que uns trabalhadores enterravam teu cadáver
era, tua, essa, a música que se ouvia.
Eles nos olhavam com olhar igual ao teu quando olhavas,
embora a quase todos isso passasse desapercebido.
No momento em que o caixão começou a descer, dentro da cova,
muitas pessoas choravam. Pensou-se até em um padre. Imagine!
De dentro do buraco, o coveiro, em um mirar ausente
de qualquer reverência - há um corpo a enterrar, eis tudo -
é que olha com expressão igual ao teu olhar quando
miravas.
Estavas era morto. Era isso que o teu olhar no dele nos
dizia.
E então, inexplicavelmente, pareceu que o instante
foi varado de luz, e que ali, afirmando apenas
que estavas morto e que isso era isso, enfim triunfavas.
Nota do Poema Réquiem para Alfonso Delellis
Líder (ou como ele dizia, "lide") sindical.Presidente do
Sindicato dos Metalúrgicos de S. Paulo, foi preso em
janeiro de 1964 distribuindo panfletos socialistas,
num quartel do exército. Por interferência direta
do Presidente João Goulart, foi solto em
fevereiro. Assim que saiu, procurou Luiz Carlos
Prestes, Presidente do Partido Comunista, ao qual
estava filiado, e lhe relatou o que vira, na prisão: Os
militares preparavam um golpe. E Prestes:"Isso é
impossível.O exército brasileiro é popular e
democrata". "Como? Por quê?",ele quis saber. "Eu sou
oficial do Exército Brasileiro.Eu sou popular e sou
democrata", declarou o Cavaleiro da Esperança.
Antes que findasse o mes de março, Dellelis embarcou em
um navio para ir exilar-se na URSS.
Voltou ao Brasil antes da anistia e começou tudo de
novo, clandestinamente. Sua existência foi toda
consumida nessa luta.
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