António Lobo de Carvalho
António Lobo de Carvalho, nasceu em Guimarães, por volta de 1730, sendo filho de Diogo Ferreira da Silva e de Jerónima Lobo. Ignora-se que tipo de educação teve. De índole turbulenta, teve, a certa altura, de fugir para o Porto, onde ficou a viver. Mais tarde, partiu dali para Lisboa, onde deu largas ao seu talento de poeta satírico. Pasquim vivente, chamava-lhe o Doutor Sampaio, célebre advogado daqueles tempos. Ficou também conhecido como O Lobo da Madragoa. Manteve-se sempre solteiro. Faleceu em 26 de Outubro de 1787 e foi sepultado no extinto convento de Jesus da ordem terceira de S. Francisco, da paróquia de Nossa Senhora das Mercês. Foi amigo do poeta João Xavier de Matos, que faleceu pouco depois dele, em 1789.
Guimarães
1787-10-26 Lisboa
11818
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Soneto VI
A certa Messalina dos nossos tempos, a quem se pode aplicar o que Juvenal dizia da romana
Essa altiva mulher, cara de borra,
Alta, magra, amarela, tola e feia,
Casada com um ourives que laureia,
Ténue dote comendo à tripa-forra:
Também ninguém duvida que Ihe escorra
Pelas pemas humor de gonorreia;
É tão puta, que diz à boca cheia
Que jamais se acolheu farta de porra:
Se a não fartou do Braga um caralhote
De vinte, nem do Arrobas um caralho
Nem outras porras mil, todas de lote;
Como há-de saciá-la o seu paspalho,
Qus tendo uma barriga como um pote,
Tem piça menor que um dente de alho?
Essa altiva mulher, cara de borra,
Alta, magra, amarela, tola e feia,
Casada com um ourives que laureia,
Ténue dote comendo à tripa-forra:
Também ninguém duvida que Ihe escorra
Pelas pemas humor de gonorreia;
É tão puta, que diz à boca cheia
Que jamais se acolheu farta de porra:
Se a não fartou do Braga um caralhote
De vinte, nem do Arrobas um caralho
Nem outras porras mil, todas de lote;
Como há-de saciá-la o seu paspalho,
Qus tendo uma barriga como um pote,
Tem piça menor que um dente de alho?
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