Ó mão direita

Ó mão direita, nobre mão que empunhas
copo, garfo, caneta, mão que escreves,
mão sempre de luto sob as unhas,
mão que catas burriés com gestos breves.

Mão cujos tremores são testemunhas
de longas noites de alegrias breves,
mão que ousas mais do que supunhas,
dócil senhora que tão bem me serves.

Mão, ó esplendor da anatomia,
ó foz de cinco rios de alegria
em cuja água renasço e sou poeta.

Mágica mão que em digital concerto
me alivias às vezes num aperto
fazendo-me, a cappella, uma punheta.

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