COM ESTES OLHOS

Quem cruza o extremo sul da Groenlândia
a cinco mil metros visibilidade boa
vê, enchendo o norte azul, uma manada em susto
de chifres brancos detida por oceano.

Grenhas
se enrolando sobre
a
quietude deles.

Mas
quando se olha para baixo vêem-se
longas pardas
-
tentáculos do oceano
é o que parece,
penetrantes águas sem sol
entre
as frontes de prata -
agudas enseadas (um calafrio como que sobe desde
o pardo - a gente, numa nave tépida,
estremece).

Há uma esbranquiçada monótona sarna sobre as águas tristes

Presas nela
dispersas
lascas
de pureza -

Minha mãe em jovem ouviu no Spitzbergue
trovões, o
nascer de icebergues
Num relance
dos olhos e pensar
vi
o
ciclo
vi os
ventos para sempre
de sobre a
curva do mundo
trazendo nuvens para os chifres de rocha rasgarem em neve -
e para
baixo
devagar
os glaciares fluem
e estalando
caem em fiordes -
e, primeiro apertadas na massa, altivamente
as ninfas
de gelo as graves fúrias
soltam-se livres
só para
seguirem a corrente chupada
pela
seca do Equador -
as longas
garras do sol -

para
o sul
vi
o aberto
uma corrente levando
entes esquisitos - esmeraldas sobre
o
mar -
só que mais pálidas, intensidades pálidas cada uma
com
uma
fina fímbria de branco -
jóias de doce água primeva
perpétua frota.

navios
de
água

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