Florbela Espanca
Florbela Espanca, batizada como Flor Bela de Alma da Conceição Espanca, foi uma poetisa portuguesa.
1894-12-08 Vila Viçosa
1930-12-08 Matosinhos
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As Quadras D’Ele Iv
[1]
Sou mais infeliz que os pobres
Que têm fome na rua.
Também eu ando faminta
De beijos da boca tua.
[2]
A saudade é tão cruel,
É uma tão profunda dor,
Que em troca eu quisera o fel
Que bebeu Nosso Senhor!
[3]
A tristeza mais amarga,
A mais negra, a mais tristonha,
Dantes, morava em teus olhos
De luz bendita e risonha.
Dava-se mal a tristeza
Com essa luz d’alegria,
Mudou-se então pros meus olhos
Que choram de noite e dia.
[4]
Há uma palavra na terra
Que tem encantos do céu;
Não é amor, nem esperança.
Nem sequer o nome teu.
Essa palavra tão doce,
De tanta suavidade,
Que me faz chorar de dor
Quando a murmuro: é saudade!
[5]
Amor, é comunhão d’almas
No mesmo sagrado altar;
Contigo, amor da minh’alma,
Quem me dera comungar!
[6]
Não julgues tu que m’importo
Quando passas sem me olhar;
Lembra-me logo o ditado:
“Quem desdenha, quer comprar”!
[7]
Parte a minh’alma em pedaços
E atira-os pelo mundo fora;
Pequenas almas que sentem
Como a grande sente agora!
Chega para encher o mundo
O céu, a terra, os espaços,
Estas almas pequeninas,
Estes pequenos pedaços!
Mesmo assim sendo tão grande
Esta alma, ó sonhos meus!
É pequena pra conter
O fulgor dos olhos teus!
[8]
Abaixo sempre os meus olhos
Quando encontro o teu olhar;
De ver o sol de frente
Ninguém se pode gabar!
Sou mais infeliz que os pobres
Que têm fome na rua.
Também eu ando faminta
De beijos da boca tua.
[2]
A saudade é tão cruel,
É uma tão profunda dor,
Que em troca eu quisera o fel
Que bebeu Nosso Senhor!
[3]
A tristeza mais amarga,
A mais negra, a mais tristonha,
Dantes, morava em teus olhos
De luz bendita e risonha.
Dava-se mal a tristeza
Com essa luz d’alegria,
Mudou-se então pros meus olhos
Que choram de noite e dia.
[4]
Há uma palavra na terra
Que tem encantos do céu;
Não é amor, nem esperança.
Nem sequer o nome teu.
Essa palavra tão doce,
De tanta suavidade,
Que me faz chorar de dor
Quando a murmuro: é saudade!
[5]
Amor, é comunhão d’almas
No mesmo sagrado altar;
Contigo, amor da minh’alma,
Quem me dera comungar!
[6]
Não julgues tu que m’importo
Quando passas sem me olhar;
Lembra-me logo o ditado:
“Quem desdenha, quer comprar”!
[7]
Parte a minh’alma em pedaços
E atira-os pelo mundo fora;
Pequenas almas que sentem
Como a grande sente agora!
Chega para encher o mundo
O céu, a terra, os espaços,
Estas almas pequeninas,
Estes pequenos pedaços!
Mesmo assim sendo tão grande
Esta alma, ó sonhos meus!
É pequena pra conter
O fulgor dos olhos teus!
[8]
Abaixo sempre os meus olhos
Quando encontro o teu olhar;
De ver o sol de frente
Ninguém se pode gabar!
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