Meu caro velho

Quando te vejo, cansado e cabisbaixo,
lembro das tuas histórias ricas e curiosas.
Teu olhar, mesmo não tendo os olhos do passado,
mantém os tons do mundo um dia cor-de-rosa.

Por vezes surpreendo-te em lágrimas
que justificas tremulando a voz,
das palavras que dizes, ao acaso,
mas um acaso transformado em ocaso.

Uma coisa é certa: ainda tens o riso
da criança, num corpo envelhecido,
a fugir da solidão e buscar pelos caminhos
antigos perfumes de rosas e de lírios.

Meu caro velho, a tua antiguidade
é luta contra o tempo e a idade.
E esta luta está no brilho dos teus olhos
toda a vez que, alegre, falas de amor...

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