A VENDA POR DENTRO
Serengas, peixeiras,
vianas e naifas,
facões, lambedeiras
– as lâminas várias;
pregos, parafusos,
quinas, estreitezas
– o roxo mais puro,
a dor mais espessa;
o chumbo de fita,
o chumbo de caça
– o peso da vida,
o grão na garrafa;
os sacos de estopa,
as tais aniagens –
a mais suja estofa
serve de bagagem;
lata de eletrodo
e lata de tinta,
vassouras e rodos
– falta coisa ainda:
no baú de tampa,
açúcar, arroz,
feijão, a sustância
que só vem depois;
volumes, texturas,
cores, formas, cheiros –
nesse caos que açula
o pai é o ordeiro;
nesse labirinto,
a vida a varejo,
a Casa Bahiana
desse João Galego;
os tais viajantes,
suas promissórias,
o dever de ontem
vou saldar agora;
enxada, estrovenga,
pá, grosas e plainas,
as chaves de fenda,
verrumas, chibancas;
espátulas, tornos,
formões, discos, cintas,
cincerros, gangôlos
– falta coisa ainda:
foices, roçadeiras,
mata-pastos, lixas
– em dias de feira
o freguês capricha;
via de mão dupla –
toma lá, dá cá,
o freguês tem culpa?
E quem não terá?
Breu, painço, alpiste,
pacotes, sacolas,
os vários calibres
da mesma bitola;
cartucho, espoleta
(chamada de escorva),
da cinza e da preta
os tipos de pólvoras;
coloratos, bombas,
nitroglicerina,
dinamite assombra
– falta coisa ainda:
grifos, alicates,
torqueses e puas,
mas qual é a chave
da porta da rua?
o mundo das cordas,
nylons, piaçavas,
zinco pesa e corta
a mão destreinada;
anzóis, garateia,
o mundo das linhas,
pequena epopeia
da Venda e da Língua;
segunda a segunda,
domingo não falha,
o balcão circunda
nossa vida e fala;
balança: o ouro a fio,
o metro que finda,
serrotes, barril
– falta coisa ainda.
vianas e naifas,
facões, lambedeiras
– as lâminas várias;
pregos, parafusos,
quinas, estreitezas
– o roxo mais puro,
a dor mais espessa;
o chumbo de fita,
o chumbo de caça
– o peso da vida,
o grão na garrafa;
os sacos de estopa,
as tais aniagens –
a mais suja estofa
serve de bagagem;
lata de eletrodo
e lata de tinta,
vassouras e rodos
– falta coisa ainda:
no baú de tampa,
açúcar, arroz,
feijão, a sustância
que só vem depois;
volumes, texturas,
cores, formas, cheiros –
nesse caos que açula
o pai é o ordeiro;
nesse labirinto,
a vida a varejo,
a Casa Bahiana
desse João Galego;
os tais viajantes,
suas promissórias,
o dever de ontem
vou saldar agora;
enxada, estrovenga,
pá, grosas e plainas,
as chaves de fenda,
verrumas, chibancas;
espátulas, tornos,
formões, discos, cintas,
cincerros, gangôlos
– falta coisa ainda:
foices, roçadeiras,
mata-pastos, lixas
– em dias de feira
o freguês capricha;
via de mão dupla –
toma lá, dá cá,
o freguês tem culpa?
E quem não terá?
Breu, painço, alpiste,
pacotes, sacolas,
os vários calibres
da mesma bitola;
cartucho, espoleta
(chamada de escorva),
da cinza e da preta
os tipos de pólvoras;
coloratos, bombas,
nitroglicerina,
dinamite assombra
– falta coisa ainda:
grifos, alicates,
torqueses e puas,
mas qual é a chave
da porta da rua?
o mundo das cordas,
nylons, piaçavas,
zinco pesa e corta
a mão destreinada;
anzóis, garateia,
o mundo das linhas,
pequena epopeia
da Venda e da Língua;
segunda a segunda,
domingo não falha,
o balcão circunda
nossa vida e fala;
balança: o ouro a fio,
o metro que finda,
serrotes, barril
– falta coisa ainda.
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