Paio Soares de Taveirós
'Paio Soares 'Taveirós foi um trovador da primeira metade do século XII, de origem da pequena nobreza galega. Foi o autor da célebre Cantiga da garvaia, durante muito tempo considerada a primeira obra poética em língua galaico-portuguesa.
1200-01-01
18707
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Cantiga de amor
Como morreu quem nunca amar
se faz pela coisa que mais amou,
e quanto dela receou
sofreu, morrendo de pesar,
ai, minha senhora, assim morro eu.
Como morreu quem foi amar
quem nunca bem lhe quis fazer,
e de quem Deus lhe fez saber
que a morte havia de alcançar,
ai, minha senhora, assim morro eu.
Igual ao homem que endoideceu
com a grande mágoa que sentiu,
senhora, e nunca mais dormiu,
perdeu a paz, depois morreu,
ai, minha senhora, assim morro eu.
Como morreu quem amou tal
mulher que nunca lhe quis bem
e a viu levada por alguém
que a não valia nem a vale,
ai, minha senhora, assim morro eu.
Português antigo
Como morreu quen nunca ben
houve da ren que máis amou,
e quen viu quanto receou
dela, e foi morto por én:
ai mia senhor, assí moir'eu!
Como morreu quen foi amar
quen lhe nunca quis ben fazer,
e de quen lhe fez Deus veer
de que foi morto con pesar:
ai mia senhor, assí moir'eu!
Com'home que ensandeceu,
senhor, con gran pesar que viu,
e non foi ledo nen dormiu
depois, mia senhor, e morreu:
ai mia senhor, assí moir'eu!
Como morreu quen amou tal
dona que lhe nunca fez ben,
e quen a viu levar a quen
a non valía, nen a val:
ai mia senhor, assí moir'eu!
se faz pela coisa que mais amou,
e quanto dela receou
sofreu, morrendo de pesar,
ai, minha senhora, assim morro eu.
Como morreu quem foi amar
quem nunca bem lhe quis fazer,
e de quem Deus lhe fez saber
que a morte havia de alcançar,
ai, minha senhora, assim morro eu.
Igual ao homem que endoideceu
com a grande mágoa que sentiu,
senhora, e nunca mais dormiu,
perdeu a paz, depois morreu,
ai, minha senhora, assim morro eu.
Como morreu quem amou tal
mulher que nunca lhe quis bem
e a viu levada por alguém
que a não valia nem a vale,
ai, minha senhora, assim morro eu.
Português antigo
Como morreu quen nunca ben
houve da ren que máis amou,
e quen viu quanto receou
dela, e foi morto por én:
ai mia senhor, assí moir'eu!
Como morreu quen foi amar
quen lhe nunca quis ben fazer,
e de quen lhe fez Deus veer
de que foi morto con pesar:
ai mia senhor, assí moir'eu!
Com'home que ensandeceu,
senhor, con gran pesar que viu,
e non foi ledo nen dormiu
depois, mia senhor, e morreu:
ai mia senhor, assí moir'eu!
Como morreu quen amou tal
dona que lhe nunca fez ben,
e quen a viu levar a quen
a non valía, nen a val:
ai mia senhor, assí moir'eu!
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