Mulher à janela
Ela queria tomar o partido do visível,
a visão como vela armada para a viagem,
tensa como a corda do arco
na suspensão do gesto inocente sobre a seta.
Debruçada, num ofício de corpo presente,
viu passar toda a blandícia na brisa.
Agora recolhe-se ao copo facetado
de que uma só face dá para o mundo
como a alma no azul escuro de um vitral,
o vinho quente no fundo de um cálice:
o quarto onde guarda o estojo da sua vida
com o sombreamento do dia no soalho.
Exasperada pela cintura de gelo da vidraça,
para onde declina lentamente a face,
estenderia o braço se o ser em cada coisa
lhe fosse dado tocar: o mundo
de que ela fosse mais que o alto-relevo
fixo para sempre na moldura da janela.
a visão como vela armada para a viagem,
tensa como a corda do arco
na suspensão do gesto inocente sobre a seta.
Debruçada, num ofício de corpo presente,
viu passar toda a blandícia na brisa.
Agora recolhe-se ao copo facetado
de que uma só face dá para o mundo
como a alma no azul escuro de um vitral,
o vinho quente no fundo de um cálice:
o quarto onde guarda o estojo da sua vida
com o sombreamento do dia no soalho.
Exasperada pela cintura de gelo da vidraça,
para onde declina lentamente a face,
estenderia o braço se o ser em cada coisa
lhe fosse dado tocar: o mundo
de que ela fosse mais que o alto-relevo
fixo para sempre na moldura da janela.
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