Alinho

É preciso voltar
às rosas mais antigas
e suas exuberâncias
e seus frêmitos de infinito
às palavras surgentes
às vozes prometidas
nos ecos do que amanhece

é preciso voltar
aos gatos que compõem a noite
às cálidas cantorias
ao flagrante do gosto
aos votos interrompidos
às garatujas nos muros
às cigarras já sem valia

voltar será sempre preciso
girar a chave de formato único
pisar nas tábuas lassas e confessas
ouvir o apelo do oco
a ascese dos líquens no tronco
fazer irromper acenos que
contem não só desfechos.

Os silêncios recuperam
a porosidade das rochas
o advento das peças da flor
o insabido da brasa
e a razão à palavra.

É preciso acalentar
o momento em que se resolve
a história do espinho

e saborear
o estremecimento.
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