OS LIMITES DO INVERNO

Serpenteio, nos limites do inverno,
por uma alameda de condomínios
com nomes de principados e prédios
com nomes de ilhas mediterrâneas.
Entre mim e o outro, intransponível,
uma fria e úmida aragem.
A cidade aparece lá embaixo
sob a garoa: opaca, névoa leitosa.
A imensidão é uma força que fracassa
e a chuva é alheia ao cão que arrasta a pata,
ao cadáver enterrado na semana passada,
às rachaduras na parede da casa de família,
ao pássaro gris que luta para se manter em voo
e ao lixo na margem do rio
em meio à bruxa assassinada.
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