Gustavo de Matos Sequeira

1880-12-09 Lisboa
1962-08-21 Lisboa
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Nossa Senhora da Orada

Aldeia de romance; a igreja a meio,
pomba branca tentando-a com as asas,
e alvas, também, ao derredor, as casas,
procurando o calor daquele seio!

E tudo limpo e claro. Sem receio
podiam-se beijar as pedras rasas
que o barro, às ondas, rubro como brasas,
cinge e contorna num ridente enleio.

As parreiras às portas, como redes
de verdura, mantelam os beirais,
o azul do céu pincela-lhe as paredes,

o amor à terra aquece as casas todas,
e terra e céu, em beijos virginais,
vivem cantando a festejar tais bodas.

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