Anátema

Vogo na idéia vaga e vã do eu,
como se houvesse em mim um ser e um cerne,
uma alma inominada, em corpo inerme,
amálgama de fiat lux et breu.

Mimo a mim mesmo com um mimoso engano:
que o mundo existe como um fato meu;
que a vida é a imagem de ilusório véu,
tecido por mim (fio) o mundo (pano).

Fio-me que penso e existo e assim sou algo;
desfio meus véus, em busca de meu âmago,
mas desconfio que apenas seja imago...

Meu sumo é um oco totem hamletiano.
Do imane e ameno cenho, emana a senha:
a senda é ser não sendo (ou seja eu sonho).

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