Murillo Araújo

Murillo Araujo foi um poeta brasileiro.

1894-10-26 Serro
1980-08-01 Rio de Janeiro
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Toada do Negro do Banzo

Negro —
quando cava, quando cansa,
quando pula, quando tomba,
quando grita, quando dança,
quando brinca, quando zomba
sente gana de chorá...

Negro —
quando nasce, quando cresce,
quando luta, quando corre,
quando sobe, quando desce,
quando véve, quando morre
negro pena sem pará...

Negro, aponta o ponto —
ai Umbanda!
ginga tonto, tonto —
ai Umbanda!
Negro aponta: Oôu!

Negra nua, nua —
ai Umbanda!
toma a bença à lua —
ai Umbanda!
samba nua... Oôu!

Xangô!
Meu céu secureceu.
Exú me despachou...
Calunga me prendeu...

Xangô! Xangô! Xangô!
Meu rancho se acabou...
Meu reino — mar levou...
Meu bem morêu... morreu.

Negro —
negro chora, negro samba
na macumba do quilombo,
com malafo pra moamba
dando bumba no ribombo!
do urucungo e do ganzá!

Negro —
cae no congo, cae no congo,
dos mirongas ao muganga,
todo o bando nesse jongo...
roda, negro — roda a tanga
chora banzo no gongá.

Negro aponta o ponto —
ai Umbanda!
ginga tonto, tonto —
ai Umbanda!
Negro aponta: Oôu!

Se Xangô chegasse...
ai Umbanda!
E me carregasse —
ai Umbanda!
Coisa boa... Oôu!

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