Antero de Quental
Antero Tarquínio de Quental foi um escritor e poeta português que teve um papel importante no movimento da Geração de 70.
1842-04-18 Ponta Delgada
1891-09-11 Ponta Delgada
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Pepa
Dá-me pois olhos e lábios;
Da-me os seios, da-me os bracos;
Da-me a garganta de lírio;
Dá-me beijos, dá-me abracos!
Empresta-me a voz ingênua
Para eu com ela orar
A oração de meus cantos
De teu seio no altar!
Empresta-me os pés, gazela,
Para que eu possa correr
O vasto mundo que se abre
Num teu rir, num teu dizer!
Presta-me a tua inocência,
Para eu ir ao ceu voar...
Mas acende cá teus olhos
Para que eu possa voltar!
Por Deus to peço, senhora,
Que tu mo queiras fazer;
Da-me os cílios de teus olhos
Para eu adormecer;
Por que, enquanto os tens abertos,
Sempre para aqui a olhar,
Nao posso fechar os meus,
E sempre estou a acordar!
Pela Santa-Virgem peço
Que tu me queiras sorrir;
Por que eu tenho um lírio douro
Há três anos por abrir,
E, se Ihe deres um riso,
Há-de cuidar que e a aurora...
E talvez que o lírio se abra,
Talvez que se abra nessa hora!
Por Alá, minha palmeira!
Quando ao sol me for deitar,
Faze sombra do meu lado...
Por que eu quero-te abracar!
Damor te requeiro, ondina,
Quando te fores a erguer,
Ver-te no espelho das fontes...
Por que eu quero-te beber!
Da-me os seios, da-me os bracos;
Da-me a garganta de lírio;
Dá-me beijos, dá-me abracos!
Empresta-me a voz ingênua
Para eu com ela orar
A oração de meus cantos
De teu seio no altar!
Empresta-me os pés, gazela,
Para que eu possa correr
O vasto mundo que se abre
Num teu rir, num teu dizer!
Presta-me a tua inocência,
Para eu ir ao ceu voar...
Mas acende cá teus olhos
Para que eu possa voltar!
Por Deus to peço, senhora,
Que tu mo queiras fazer;
Da-me os cílios de teus olhos
Para eu adormecer;
Por que, enquanto os tens abertos,
Sempre para aqui a olhar,
Nao posso fechar os meus,
E sempre estou a acordar!
Pela Santa-Virgem peço
Que tu me queiras sorrir;
Por que eu tenho um lírio douro
Há três anos por abrir,
E, se Ihe deres um riso,
Há-de cuidar que e a aurora...
E talvez que o lírio se abra,
Talvez que se abra nessa hora!
Por Alá, minha palmeira!
Quando ao sol me for deitar,
Faze sombra do meu lado...
Por que eu quero-te abracar!
Damor te requeiro, ondina,
Quando te fores a erguer,
Ver-te no espelho das fontes...
Por que eu quero-te beber!
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