Noite

Docemente o tempo soava, ela contou como a noite que habitava seu corpo.

(as meninas choram quando perdem teorias,
os meninos também criam teorias,
as meninas e os meninos choram)

Não sei se agora é acordada a menina,
pareceu mulher.

Doce mulher de pele noturna e olhos de amêndoa madura,
não voltará a vê-la o beijo que imaginei...

Pintamos o outro com o que chamamos afinidade — ela falou —
e há pessoas em que vivemos, em quem sabemos
a cumplicidade — lhe falei.

(há os olhos e os dentes por se tocar — a música dos gestos é sempre incerta
como os corpos — esta sinfonia de cores e de líquidos...)

É assim que lhe desperta sua fragilidade de deusa ou amêndoa colhida.
É assim sua teoria.

Nota:
Este poema inspirou "Buscando a Teoria", de Soares Feitosa.

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