Visita

Seja bem-vinda
a minha casa,
Pois de há muito que esperada,

Tão culta amiga!

Mais não demores,
Não fique na porta aí parada.

Adentra!

Anseio pelo vosso abraço,
Mais que ele não lhe seja estranho.

Desculpa-me!

Se não vier com o aperto esperado,
É que me vejo vexado,

Encabulado!

De um certo cheiro que vai nele impregnado,
Do suor do labor de meu trabalho.

Assenta-te!

Não nessa cadeira,
Ela traz uma das pernas amputadas.

Nesta outra.

Que foi especialmente para esta visita reservada,
Fazendo do simples de minha pobre casa,

A minha melhor prata.

Aceita um café, uma água?
É tudo que se tem em toda casa,

E que agrada.

Reparaste na minha modesta morada?
Ela não tem todas as paredes rebocadas.

E como a minha alma.

Mais nela mora dignidade,
Tristeza, saudade e também felicidade.

Trouxeste algo?

Não precisava! Já tenho tudo que me faltava,
Nesta visita a minha casa.
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