Entrelinhas

Ali
naquele instante em que não paramos,
não vimos
que não há dias iguais
no seu aparente igual suceder

Um banco de jardim
um sol morno
a tarde que lenta cai,
rodopiando em correrias
uma criança, um cão
e lá longe a linha do horizonte
fundindo tons de azul

Aqui, fixando um sol laranja
dois amantes se entreolham
e tocam num gesto subtil,
seus dedos se enlaçam
e de repente o corpo respira desejo.

E enchem a vida
os quotidianos, vulgares, ínfimos sinais
passamos, e passamos adiante
sem decifrar na superfície do acontecer
que nada se repete,
que não há dias iguais.

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