José Agostinho de Macedo
José Agostinho de Macedo foi um padre e escritor português. Enquanto poeta, considerava-se superior a Camões.
1761-09-11 Beja
1831-10-02 Lisboa
2001
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Pertenceu à Ordem dos Agostinhos, de que foi expulso, andou de convento em convento e conheceu a prisão. Com Bocage, de quem mais tarde foi inimigo figadal, fundou a Nova Arcádia e usou o nome de Belmiro Tagideu. Instável nas opções políticas, cedo aderiu ao miguelismo e defendeu em muitos panfletos violentos as doutrinas absolutistas. O seu grande cometimento literário foi o poema épico Gama (1811), cuja 2ª. edição, em 1814, se intitulou O Oriente. É uma tentativa confessada de emendar aquilo que considerava errado em Os Lusíadas, de Camões, e de fazer justiça a certos heróis que este deixara na sombra. Uma das singularidades da literatura de José Agostinho é o contínuo trabalho de refundição dos textos. De edição para edição, há sempre modificações de fundo, por vezes alterações de textos na sua quase totalidade. Aconteceu isso com O Oriente e com o famoso Os Burros (1827), onde, de edição para edição, há novas personagens políticas e literárias a serem atacadas com novos vitupérios. Os protestos ou ameaças de certos inimigos mais influentes levavam o poeta a riscar os seus nomes para os substituir por outros menos incómodos.Contra esta incansável actividade de fundibulário ergueu-se uma voz liberal: a de Nuno Álvares Pereira Pato Moniz, que, no poema Agostinheida, satiriza a vida do frade, as suas aventuras com freiras e o seu reaccionarismo político. Uma das grandes vítimas de José Agostinho foi José Anselmo Correia Henriques, contra quem escreveu a Correiada, depois de por ele ter sido atacado em A Mariolada.Além de muitos outros panfletos (A Tripa Virada, A Besta Esfolada, O Desengano), escreveu toda uma série de poemas de tema filosófico, hoje mais apreciados. São eles: Contemplação da Natureza (1810), O Novo Argonauta (1809), O Motim Literário em forma de Solilóquios (1811), A Meditação (1813), Newton (1813), Cartas Filosóficas a Ático (1815), Viagem Extática ao templo da Sabedoria (1830), A Criação (1845).